terça-feira, 1 de julho de 2014

O paradoxo do “bom” festejo junino


O mês de junho, tradicionalmente, tem o forró como o ritmo que embala suas festas. Em épocas mais recentes, com o crescimento da indústria do entretenimento, o São João – a principal festa do mês – se tornou um grandioso filão para essa indústria. Nesse embalo, algumas cidades interioranas, principalmente as de médio porte ou as mais bem situadas regionalmente, decidiram apostar alto, fizeram parcerias de patrocínio e deslancharam com “arraiás de pompa”.


Dessa forma, tem-se a tradição preservada, mais o incremento de ritmos que destoam do puro forró; ou, por outro lado, há mais folia festiva do que propriamente a curtição da tradição junina. Essa é uma tendência consolidada em várias cidades. Qual o modelo mais interessante, justo ou atrativo? Isso é relativo. E o caso que interessa é o da cidade de Ipirá, no Arraiá do Camisão.

A prefeitura propagou a festa na cidade com o destaque para o “puro forró” que marcaria esse ano, o próximo também, quiçá 2016. A festa aconteceu em quatro dias, sendo o primeiro com apresentação de quadrilha e os três dias seguintes com os principais artistas se apresentando no palco principal, com bandas locais e as de maior renome, como Adelmário Coelho, Alcimar Monteiro e Forró dos Plays.

Com o fim dos festejos, o prefeito, em seu programa semanal de rádio, Palavra do Prefeito, fez sua avaliação. Parabenizou toda equipe envolvida nos preparativos da festa e enalteceu os artistas locais. E foi além, ao afirmar ter sido este São João um dos maiores que essa terra já conheceu. Adiantou também que o governo já começa a estudar mudanças importantes de local e, consequentemente, de estrutura da festa.

Notadamente, Ipirá não embarcou nessa de evento “além das tradições” para sua festa de São João, e o gestor municipal alegou que a última grande estiagem, e a necessidade de manter o controle das contas, foram fatores que contribuíram para manter os pés no chão, sem maiores investimentos; de acordo com o prefeito, "não gastaria R$2 milhões para agradar, sobretudo, aos que criticam seu governo".

O impasse quanto ao investimento numa festa de monta, como é o São João, reflete inevitavelmente em toda a economia do município. Desde o cofre público municipal, aos comerciantes locais, que aguardam a chegada maciça de pessoas vindas de outras cidades, para aproveitarem uma boa festa e também o comércio local. Fato é que a grande massa de público hoje, principalmente os mais jovens, incorpora esse novo conceito de mistura de ritmos, tão trabalhado pelo mercado publicitário. 

Mudanças devem acontecer, a começar pela proposta de levar o São João para o parque de exposições, o que ainda será debatido com a comunidade. A situação financeira do município poderá viver um outro momento em 2015 e o governo municipal vai analisar os impactos e as impressões que a festa desse ano deixou.


Mídia Ipirá