quinta-feira, 18 de maio de 2017

RAZÃO DE SER DAS NOTÍCIAS

Ainda sobre o programa Papo Reto, da última sexta-feira, 12. O prefeito Marcelo Brandão, em resposta à matéria divulgada no site Caboronga Notícias, no dia 07 deste mês, sobre algumas máquinas deterioradas que estão na prefeitura, disse, a respeito do site, que “qualquer coisa que aparece publica, sem saber a razão”. E continuou: “os ipiraenses sabem que as máquinas estavam todas sucateadas. Nós estamos tentando resgatar isso”.
A matéria trazia o seguinte título: “‘Cemitério’ com máquinas pesadas toma conta do pátio da prefeitura de Ipirá”.
De fato, as máquinas foram fotografadas em estado deteriorado. Entretanto, a prefeitura está encaminhando reparos, inclusive com aquisição de novas peças e pneus. Dessa forma, é um tanto descabido apontar, de imediato, o atual governo, pela situação que elas se encontram.
Contudo, o fato não deixa de ser objeto de notícia, pois são aparelhos de serventia pública, visivelmente expostos em situação de descuido, que são de grande utilidade na melhoria de estradas, por exemplo, o que facilitaria muito nos deslocamentos interior-sede, dos munícipes. Inclusive, há a pretensão de engatar o projeto ‘Estradas’, conforme já anunciado, que visa uma melhoria abrangente das estradas de acesso ao interior do município.
Para fins de notícia, a realidade que interessa e gera pauta para os meios de comunicação, é a situação de agora. Notícia é sinônimo do acontecimento de momento, do que está acontecendo no presente.
Foi anunciado ontem, aliás, que a prefeitura realizará consulta pública para definir prioridades em recuperação de trechos vicinais das estradas do município, fruto do Programa de Restauração e Manutenção de Rodovias do Estado da Bahia II (PREMAR-II). A reunião acontecerá no dia 24 de maio, no Centro Cultural Elofilo Marques, às 14h.
Enfim, retomando o tópico do início do texto, o diretor-proprietário do site Caboronga Notícias, Jorge Luíz, se pronunciou num grupo de rede social, da seguinte forma: “Se a gente falar, vem logo a retaliação. Não vou mudar de conduta. O Caboronga Notícias vai permanecer com a mesma linha de jornalismo. O que for de satisfatório para o município, a gente posta. Se precisar mostrar as mazelas, vamos postar também”.
Estas premissas constam da fonte principiológica do jornalismo e traz à baila o que a sociedade espera de todo veículo de comunicação: isenção, imparcialidade e objetividade no relato dos fatos, desde que haja interesse público envolvido.
Esse caso das máquinas, a exemplo de tantos outros reclames, que aparecem com certa frequência, também no programa Conexão Chapada, é o que se pode considerar como matéria-prima para a produção de notícias. O povo quando liga, quando escreve, quando filma etc., está lançando uma notícia em ‘estado bruto’, que precisa ser checada e averiguada devidamente, para saber sua real procedência.
E o que se espera do outro lado, como contrapartida do poder público, antes mesmo de se chegar à solução do problema, no mínimo é o que foi solicitado pelo locutor do programa Conexão Chapada de hoje, quando da reclamação de uma ouvinte a respeito da falta de medicamentos em postos de saúde da cidade: uma nota de esclarecimento a respeito do problema. Esse tema da saúde, inclusive, foi a tônica do debate na Câmara Municipal, na sessão de ontem, 16.
Portanto, não é nocivo insistir, nem mesmo é afronta apontar. Razões não faltam para o preparo da notícia, e quando ela envolve verdadeiramente as partes, fica tanto mais completa. E isso só se efetiva se houver predisposição principalmente do poder público, no esclarecimento das questões polêmicas. Por que o veículo pode muito bem noticiar mesmo sem a versão esperada da outra parte, ainda que procurada para tal. Isso não é incomum, acontece com muita frequência, e pode acusar uma imagem negativa.
Em tempo, durante a produção desse texto, circulou a nota informando que o prefeito Marcelo Brandão estará presente na próxima sessão da Câmara para tratar dos seguintes temas: casa dos estudantes, transporte universitário, mercado de artes, guarda municipal e municipalização do trânsito. Importante momento, que reflete alguns dos conceitos tratados até aqui.
Mídia Ipirá

sábado, 13 de maio de 2017

‘É A VEZ E A VOZ DO POVO’ EM EXTENSÃO (II): A LINHA TÊNUE ENTRE O SENSACIONALISMO E A VERACIDADE DOS FATOS

Esse texto é um desdobramento do que foi abordado no último, a respeito da relação entre redes sociais e poder público, isso porque o termo sensacionalismo, tópico deste, é costumeiramente relativizado de acordo com a proporção que atingem as discussões acerca de determinado assunto.
A opção por abordar o sensacionalismo, decorre do que foi observado no programa Papo Reto dessa sexta, 12. O prefeito Marcelo Brandão iniciou da seguinte forma: “é obrigação nossa estar falando com você as coisas que estão acontecendo em Ipirá, as dificuldades porque passa o município, sempre olhando pra frente, querendo dias melhores”.
Em seguida, passou a discorrer sobre o pronunciamento do vereador Jaildo do Bonfim, na sessão da Câmara dessa semana, quando este foi enfático ao falar sobre a situação da casa dos estudantes em Salvador e a dos ônibus que transportam os universitários até Feira de Santana.
O prefeito afirmou ser ”hilário” o discurso, pelo fato de que em “12 anos o vereador defendeu uma bandeira que nada fez pela Casa”. Disse ainda que está tentando alugar um imóvel e que a documentação já foi providenciada para fazer o seguro que a imobiliária responsável está pedindo. Foi dito ainda que já existe uma planilha pronta dessa reforma e que “será iniciada imediatamente após a saída dos estudantes da casa”.
O ponto curioso fica por conta do momento em que diz: “Parem de fazer esse sensacionalismo com o povo de Ipirá, porque o povo não é bobo”. Dito isto, é possível inferir a diferença, a praticidade e a objetividade que se ganha quando quem pode e deve toma a frente da situação e diz algo a respeito do caso abordado, seja qual for que esteja em pauta de discussão.
Porque se esse papel de transmitir informações fica a cargo de a, b, c… w, x, y, z, ainda que de forma voluntária e espontânea, carece do teor oficial e apenas se forma uma redoma de conjecturas em torno dos assuntos palpitantes.
Em tempo, conforme foi abordado no texto anterior, as consequências de tais pronunciamentos e anúncios do que será feito, colocarão o próprio gestor sob o crivo da opinião pública, na situação de confronto entre o dito e o feito, o pronunciado e o realizado.
Essa postura infelizmente não evita de todo as suposições ventiladas, todavia controla a ‘carga sensacionalista’ que eventualmente se faz presente no noticiário, quando não há boa vontade ou a predisposição para o esclarecimento das questões espinhosas. Mas este é o ônus que a dinâmica social contemporânea impõe. Do contrário apenas se alimenta, com mais voracidade, o sensacionalismo.
Outro tema abordado no programa dessa sexta, que foi muito questionado nos últimos dias, foi o do transporte universitário, reconhecidamente em estado “depreciadíssimo”, conforme disse o prefeito, mas que, ainda de acordo com o gestor, é herança de governos anteriores. “Tenho quatro meses de governo, recebi a frota efetivamente sucateada, mas os estudantes universitários em bem pouco tempo já terão os estofamentos recondicionados. Já fizemos o orçamento e acredito que na próxima segunda-feira a gente comece a refazer tudo isso”. Pois bem, segunda-feira, depois de amanhã, é a estimativa oficial para o povo constatar a eficácia dessa medida a ser tomada.
Mídia Ipirá

‘É A VEZ E A VOZ DO POVO’ EM EXTENSÃO (I): A ERA DAS REDES SOCIAIS E AS RELAÇÕES COM O PODER PÚBLICO

O lema/slogan de campanha política referido no título, guarda uma relação estreita e muito interessante a respeito de como é a realidade nos dias de hoje, numa sociedade em que as pessoas estão em constante interação, criando formas de comunicação alternativa e muitas vezes falando o que as mídias tradicionais não falam.
Uma breve análise a respeito do que diz, em termos objetivos, o lema/slogan mencionado, mostra o que acontece em qualquer parte do mundo, com relação à política ou a qualquer outro tipo de assunto.
Hoje é inegável o poder de comunicação que a internet confere à sociedade. Isso significa dizer que não há mais leitor, ouvinte ou telespectador passivo por conta da impossibilidade de se manifestar. Pelo contrário, só não diz algo se esta for sua opção, mas não por falta de meios para tal.
Por isso vem a calhar, mesmo com as ressalvas do marketing em jogo, a sacada do ‘É a vez e a voz do povo’. De fato, hoje se vivencia uma gigantesca comunidade de informação, crítica e conhecimento.
Há de convir, entretanto, que essa ‘comunicação alternativa’ não só merece como requer, cuidado e atenção maiores, pois são responsáveis também, por afetar de variadas formas, a imagem da entidade alvo da notícia ou informação.
É certo que, num regime democrático de governo, não há ‘máquina humana’ que consiga atender às reivindicações de todas as vozes que se manifestam. Contudo, elas existem, são em grande quantidade e devem ser administradas.
Deixar correr esse rio, sem redobrar o zelo pelo conteúdo publicado e um devido monitoramento das ações em curso, é um grande risco, simplesmente porque serão checados, questionados e colocados à prova a todo instante.
Os manuais de comunicação rezam que as ferramentas das redes sociais utilizadas, de forma eficiente, para apresentar à população obras e projetos em andamento, são as mesmas ferramentas que não podem descuidar da mobilização permanente, isso porque as informações e opiniões viralizam de forma instantânea.
Essa atenção não pode se furtar a esclarecer assuntos que estejam em discussão no momento, demonstrando a posição das autoridades responsáveis (prefeito, vereadores e secretários). Quando isso ocorre, evita-se a especulação desenfreada, pois a informação parte de fonte oficial. E esse fluxo de informações fidedignas, sustenta a credibilidade do governo junto à comunidade de forma geral.
Atentar para essas novas necessidades que a realidade impõe, sobretudo por meio da comunicação, não é partilhar da máxima do ‘deixa falar à vontade’, mas sim saber criar o diálogo, referente ao aspecto positivo e negativo. Assumir o erro, corrigi-lo, e informar isso à sociedade também faz parte do processo que ajuda a construir a relação de confiança com os meios de comunicação e a opinião pública.
Mídia Ipirá