sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Representantes de feirantes relatam falta de posicionamento dos responsáveis legais pelo Centro de abastecimento, após transtornos com a chuva: “nada concreto ainda”

 


Reuniram-se na noite dessa quinta, 26, em live no Ipirá City, a comerciante conhecida como “Aninha”, Gleidson Vieira (CUFA), e o advogado da associação dos feirantes, Gustavo.

“O que me deixou muito triste foi que a gente não teve nenhum apoio de órgão público, ficamos completamente sozinhos”, disse Aninha.

“Estamos numa luta há mais ou menos dois anos. O problema com a chuva agora foi o estopim. Fundamos a associação que, primeiramente, não teve cunho político, mas que acabou perdendo força por interesses políticos de membros da diretoria” lembrou o advogado.

De acordo com ele, houve uma reunião na segunda com a empresa responsável pela concessão, a DMO, que informou sobre a existência de um seguro, mas que este não iria cobrir. Ainda segundo o advogado, a empresa ficou de se reunir com seus advogados, mas até então não havia sido entregue nenhum parecer sobre os prejuízos dos trabalhadores.

O advogado da associação disse que conseguiu fazer um levantamento da grande maioria, mas ainda não conseguiu mensurar um valor real do prejuízo. Entretanto, afirmou não ser menos de R$100.000,00 (cem mil reais).

O Papo Reto, programa institucional do governo municipal, não foi ao ar nessa sexta, e com isso o caso ficou sem maiores esclarecimentos.


Por Diogo Souza

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Ideal renovado: Dudy reafirma interesse pela transparência, coloca o povo na condição de protagonista, e tem a chance de fazer diferente de MB, sob pena de futuro desgaste em seu governo

 


O próximo prefeito de Ipirá, Dudy (PSD), eleito com uma diferença histórica (6.094 votos), deu sua primeira entrevista ao portal Ipirá City, após sua vitória, na noite dessa terça, 24. Ele voltou a discorrer sobre vários pontos discutidos em campanha e sinalizou que vai priorizar o mercado de artes e o centro de abastecimento, que no último fim de semana sofreu muitos danos em decorrência das fortes chuvas. O próximo prefeito também participou de entrevista no Bahia Meio-dia regional, pela TV Subaé.

“É um compromisso de Dudy e Nina, escrever uma nova história em Ipirá, com transparência e ouvindo as pessoas. Vou ser muito repetitivo, quem vai ser o protagonista na gestão será o povo de Ipirá, esse é meu maior sonho. Nós temos maior capacidade de ouvir do que de falar”, afirmou o prefeito eleito.

Dudy alinha seu discurso com o que é comum e natural no meio político, reforça a valorização de sua essência de trabalho em outras atividades, e diz que será a mesma pessoa de antes, independente do cargo para o qual foi eleito.  

Com isso, seu desafio se torna ainda mais palpitante por trazer à lembrança do povo ipiraense toda uma estratégia trabalhada pelo seu antecessor, que já teve o “É a vez do novo com a voz do povo” como slogan de campanha, o que resultou num fiasco retumbante, como foi constatado agora nas eleições do dia 15.

O próximo governo precisa seriamente esboçar esse canal aberto com a população, que a cada dia se torna mais vigilante das decisões tomadas por quem a representa. As redes sociais, e as facilidades que elas permitem na propagação das informações, estão atuando como importante ferramenta nesse sentido.


Por Diogo Souza

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Derrocada grandiloquente

                                                                 

MB festejando sua vitória em 2016 


Na disputa do último domingo, 15, Dudy (PSD) superou Marcelo Brandão (DEM) com uma diferença de 6.094 votos, e será o novo prefeito de Ipirá a partir de janeiro de 2021.


“O padeiro amassou o doutorzinho!”, assim diz a letra da música que embalou a vitória do candidato da coligação “Tem que ser agora, Ipirá!”. A “lapada” desbanca a “marreta” num resultado histórico para Ipirá, que jamais será esquecido, assim como as promessas de transformação administrativa frustradas pela crueza dos fatos, em meio aos desencontros entre conversa bonita e realizações.

Há anos que a população de Ipirá – e região – estava acostumada a ouvir pelo rádio, discursos políticos bem articulados, invariavelmente com alfinetadas sobre os desmandos e falhas de gestão dos governos, através da pessoa do atual prefeito, que agora prova desse mesmo veneno, ao esbarrar nessas agruras do poder, de forma impiedosa.

A comunidade ainda estarrecida com tamanha rejeição, com o não avassalador a um candidato pelo escrutínio popular, assiste a algo que não tem sido comum ultimamente na cidade. A derrota do atual prefeito quebra uma escrita de reeleições nos últimos anos, a exemplo da vitória do hoje líder político Luís Carlos, por um lado, nas eleições de 2000, e, por outro lado, o também líder político, Diomário, nas eleições de 2008.

Ainda que as pesquisas indicassem vitória de Dudy, nem o mais otimista eleitor se arriscaria a bancar uma diferença tão impactante, tendo em vista a força dos dois maiores grupos políticos locais. Isso mostra sinais claros e gritantes da maior repulsa que se tem conhecimento a uma pessoa pública, e sobre o modo que esta escolheu, de fazer política em Ipirá.

MB com a marreta símbolo de sua campanha em 2016


Qualquer prognóstico acerca das eleições aqui, deve ser feito com o máximo de cautela. Marcelo Brandão vivenciou os dois extremos, deixou de ganhar por pouco em 2012 e perdeu por muito agora. A disputa de oito anos atrás também é inesquecível, ela foi decidida por apenas 49 votos, quando se esperava um resultado diferente, muito em razão de desgaste do grupo que então estava no poder, por diversas circunstâncias, inclusive mudança de candidato a poucos dias das eleições. Marcelo Brandão agora volta a protagonizar em cenário bem diferente.

O insucesso do atual chefe do Executivo vai na contramão do aumento da média registrada Brasil afora nas eleições desse ano, onde a taxa de reeleição de prefeitos foi a maior em 12 anos, pois 63% dos candidatos que tentaram a reeleição, obtiveram êxito. O índice de 2016 registrou um total de 46%.

A diferença de 6.094 foi surpresa também para o atual prefeito, que reconheceu em mensagem nas redes sociais. O atual gestor agradeceu o empenho dos que foram à luta e atribuiu o resultado a “tanto interesse pessoal”. Disse que fizeram o que estava ao alcance e se colocou às ordens dos amigos.

Custa acreditar, porém, que nesse tempo de gestão o prefeito tenha feito o possível pelo Mercado de Artes, só para ficar nesse exemplo que é um símbolo para a cidade, e da gestão também. Prestes a completar 4 anos que sofreu o incêndio, e já com um projeto pronto, que tornaria a praça José Leão dos Santos a “mais bonita da região”, como costumava dizer o prefeito, foi apresentado dias antes da eleição um verdadeiro arremedo da tão preconizada requalificação que era a palavra de ordem da gestão, numa tentativa fracassada de impressionar, uma vez que a obra está inacabada, pois o que se viu foi uma reestruturação do exterior, sem o necessário trabalho de reparo em seu interior, foco de toda a destruição.

Vale lembrar também que a reforma da praça São José (“Puxa”) se tornou uma prioridade muito questionada à época, que depois de muita espera foi entregue, diga-se de passagem, com a moderna biblioteca ainda oca, sem livros, que assim permaneceu por um bom tempo.

Outro episódio que marcou essa reta final de campanha, e que provocou enorme repercussão, foi a reação ao evento realizado pela igreja católica, para ouvir propostas dos três candidatos a prefeito de Ipirá, no último dia 31 de outubro. Parecia um prenúncio do resultado das urnas nesse domingo, dia 15.

Naquela ocasião, a turma sectária do atual prefeito inquietou-se nas redes e demonstrou surpresa, inclusive o próprio prefeito, que ao final teceu comentários em tom de desapontamento com o modelo de apresentação de ideias escolhido, isso ainda depois de ter sido combinado e aceito antecipadamente pela equipe de apoio. Ficou parecendo o último gás, no último round, de um adversário combalido, em busca de uma improvável reviravolta na luta, querendo usar do artifício da oratória para convencer. Tarde demais.

Tudo isso para falar mais do mesmo, com um discurso previsível e redundante, que certamente reportaria o eleitor ao passado, mais do que propriamente ao futuro. O que os mais exaltados queriam era mais um ensaio verborrágico que reafirmasse o encanto onírico de desenvolvimento local que, de repente, pudesse maquiar a ladeira abaixo que o prefeito estava enfrentando àquela altura.

Aqueles que foram às redes atentar contra a própria igreja católica, idealizadora do evento, através da paróquia Senhora Santana, alguns até questionando seus valores e intenções com a proposta de apresentação das ideias de governo dos três candidatos, mais queriam ver triunfar o engodo palavroso sobre a clareza dos acontecimentos recentes.  

Muitos eleitores, iniciantes pouco familiarizados com os artifícios da vida política, são “conquistados” pela arte da persuasão do discurso político. Assim, quem fala bonito e com boa desenvoltura, leva certa vantagem, sem dúvida, mas não o tempo inteiro. O resultado das urnas nesse último domingo mostra o quão essa prática se confirmou infrutífera. Serviu bastante para municiar ainda mais a população, conscientizando-a de que se não presta, a mudança de rumo é o caminho mais natural. 

O atual prefeito sempre se valeu desse atributo, foi alçado ao cargo por muito questionar no rádio as práticas e (in)decisões administrativas municipais, tendo um número significativo de pessoas como ouvintes, durante anos. Porém, curiosamente, sofre a derrota muito em virtude de sua fragorosa desarmonia entre discurso e prática.

Não obstante, vale refletir sobre a insistência de seu marketing na tecla dos 12 anos da gestão anterior, como forma de tentar sobressair com muito pouco a mostrar de seu próprio governo. Isso se revelou cansativo e enfadonho. Na linguagem das gírias, isso se tornou conversa mole, lero-lero. Marcelo Brandão, atuando como radialista, arrotava que a prefeitura de Ipirá tinha uma arrecadação em torno de R$10.000.000,00 mensais (dez milhões de reais mensais!) e que muito pouco era feito pela cidade com esse dinheiro. 

Para o atual prefeito, fica até desconfortável tirar uma hora da manhã para ir ao rádio falar sobre administração pública novamente. Tal como é muito precipitado cravar o perfil da próxima gestão, é muito incerto se o atual prefeito voltará em alta performance como locutor analista da conjuntura política local, nos dias que não participar de audiência, palpitando sobre o que, o onde, o como e o porque as coisas são como são no próximo governo de Ipirá, com o mesmo ímpeto de antes.

A era pós Marcelo Brandão abre um novo horizonte na política local, ao revelar que a arte de falar bem não se sustenta por muito tempo nesse mundo conectado em que vivemos, onde o debate vai muito além daquele que ele estava ávido por acontecer com o principal adversário na disputa, pois a todo instante milhares estão debatendo o mundo que nos cerca. Daí que os milhares de frente na urna não precisaram assistir ao confronto de poucos minutos, num único evento, para tomar a decisão depois do que sucedeu durante 3 anos e 10 meses.

A chave de sucesso para a próxima gestão, seguramente não passa pelo aperfeiçoamento no poder de fala de quem estará lá na cadeira de prefeito nos próximos quatro anos. É preciso, sim, que faça a máquina pública andar gerando frutos que atendam aos anseios da coletividade. Ficou muito cristalino que o quantitativo estrondoso de votos favorável à mudança, contou com muita gente que “pulou”, como se diz popularmente, mas também não se pode negar que um bom número dessas pessoas simplesmente não digeriu bem o perfil de governo que se apresentou depois de tanta conversa desconexa.

Diante de todo o cenário de momento, ficam lições e mais lições que todos aqueles diretamente envolvidos certamente saberão lidar de forma mais cuidadosa. O imponderável mostrou sua força nas eleições municipais de Ipirá nesse ano, que já é atípico, e deixou fortes sinais de que não custa muito a provocar novas surpresas com os protagonistas do jogo político que menosprezarem demais suas regras.


Por Diogo Souza (Graduado em Comunicação Social / Jornalismo - Uesb e formando em Direito - Uefs)