Alexandre de Moraes defende fortalecimento das instituições, não de corporações
Em discurso voltado para uma
plateia formada por empresários do setor automotivo, o ministro Alexandre de
Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ressaltou o papel do poder
judiciário como um fator de atração de investimentos para o Brasil, destacando
a segurança jurídica para a realização de negócios e o enfrentamento da
criminalidade como uma forma de reduzir o custo dos empresários. Ele
participou, na capital paulista, da cerimônia de abertura do 21º Salão
Internacional do Transporte Rodoviário de Cargas (Fenatran).
"Não é possível o país
avançar no empreendedorismo, insistir nas próximas gerações com coragem para
investir, se não for fortalecendo as instituições e a segurança jurídica. Esse
é um papel absolutamente essencial do poder judiciário em relação ao equilíbrio
do Brasil", disse o ministro em seu discurso.
Na avaliação de Moraes, está no
fortalecimento das instituições a diferença do Brasil para outros países
democráticos que se desenvolveram mais rapidamente. "Temos de fortalecer
as instituições, não as corporações. A partir da Constituição de 1988, nós
invertemos um pouco isso. Foi importante a participação de corporações de todas
as áreas, mas fomos enfraquecemos um pouco as instituições", afirmou.
"O fortalecimento institucional é, talvez, o maior chamariz para
investimentos internacionais", acrescentou.
Moraes também defendeu um combate
"mais duro e mais proporcional" ao crime organizado e disse que o
poder judiciário tem hoje uma "consciência mais nítida" dessa
necessidade. "A criminalidade organizada aumenta o custo do país".
Ao destacar que o poder
judiciário atua nessas duas frentes, na segurança jurídica e no combate ao
crime organizado, Moraes afirmou que essas são medidas que valorizam os
empresários que investem no País. "O poder público tem que valorizar
aqueles que acreditam no Brasil", declarou.
O ministro lembrou ainda que foi
convidado pelo presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), para
liderar uma comissão de juristas que terá a missão de elaborar medidas, em um
prazo de 120 dias, para investigação, processo e regime de cumprimento de pena
em relação à criminalidade organizada. "Hoje nós perdemos 90% do tempo com
a criminalidade normal e só 10% com o crime organizado, que é quem financia o
restante. O crime organizado precisa de leis diferencias e interpretações
jurídicas diferenciadas", disse Moraes, que deixou o evento sem conversar
com jornalistas.
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