O prefeito Thiago do Vale
tem entrevista na manhã dessa segunda, 03, no programa Conexão Chapada, para
falar de seus primeiros 30 dias à frente da gestão municipal. Diferentemente do
que se poderia supor, se por acaso o governo anterior fosse de grupo contrário,
não haverá aquela tradicional troca de gentilezas sobre os desmandos passados.
Não haverá dedo apontado para ninguém, será um papo longe do tom de caça às
bruxas, isso porque o atual governo é a escolha sucessiva do último, no qual
esteve bem ambientado. Pelo menos a lógica sinaliza que deverá ser diferente.
Haverá um ganho de tempo para informações com maior utilidade, assim espera-se.
Falar de matadouro novamente, só se a busca e apreensão prometida, conseguir
recuperar algum equipamento.
Desse modo, Thiago do Vale
poderá se comunicar de forma eficiente, ou seja, que não seja algo mais do
mesmo, que dali se extraia uma notícia, ou algumas notícias, na acepção mais pura
da palavra. Seus primeiros comandos e decisões, se quiser abordar em conversa
franca, só tem a acrescentar. Em termos de comunicação sintonizada com as
demandas sociais, mais do que propriamente com aquela do marketing “por onde
passei e com quem estive”, será de grande valia. Afinal de contas, o prefeito
estará em um programa jornalístico, e é de se esperar perguntas sobre as
queixas que são direcionadas ao programa no dia a dia, como normalmente
acontece.
Uma dica, para o bem do
resultado prático do que vai falar para a população, e também em termos de condução
de imagem por meio da comunicação, é procurar ser cirúrgico e realista no que
declarar. Empolgação e emoção, a ponto de dizer que Ipirá terá isso e aquilo como
o melhor da região, não combinam muito com as imprevisibilidades do ambiente político,
ainda mais em tempos de maior conectividade entre as pessoas. Afinal de contas,
a postura de falar em forma de espetáculo, para animar multidões, não emplacou
bons resultados aqui por Ipirá, poucos anos atrás.
Vejamos o que tem
acontecido com a imagem do governo federal, muito por conta da maneira como sua
Comunicação tem conduzido as coisas. O embaraço no qual se meteu o governo Lula
recentemente, após o episódio com o mal trabalhado anúncio do que efetivamente
estava em jogo com as novas normas que seriam implementadas nas operações com o
Pix. Onde resvalou a crise, também? Na Comunicação do governo. E Lula encontrou
na figura do baiano Sidônio Palmeira, uma tentativa de reparação, visando 2026.
Palmeira foi convocado para oxigenar a pasta com novas ideias e, naturalmente,
mudar o panorama de queda nos índices de aprovação do governo.
Mas o presidente Lula é
uma figura política verdadeiramente dada ao improviso e à singeleza com que
trata os problemas, que muitas vezes manifesta por meio de seu insaciável gosto
pelos dizeres espirituosos. Às vezes, sincerão demais. Em entrevista coletiva
na última quinta-feira, 30, ele fez o seu mais novo ministro da Secom, o
Sidônio, se contorcer com o riso preso, quando disparou, na mais plena
tranquilidade: “Não se preocupe com pesquisa, porque o povo tem razão. A gente
não tá entregando o que a gente prometeu, então como o povo vai falar bem do
governo?”. Pois é, essa foi mais uma do tarimbado político Lula. Mas imaginem
se a moda pega, com esse teor de sinceridade, Brasil afora!?
Na verdade, esse tipo de
confissão, quando a coisa não vai bem, é quase que um pecado fazer, e tratar
abertamente. Mas o primeiro passo para a cura, é o reconhecimento do mal. Pensemos
numa analogia com o processo judicial, um autor qualquer entra com uma ação
alegando algum direito violado (isso é o fato digno de notícia), a petição
chega até o juiz que despacha determinando que seja dado conhecimento ao réu, e
aguarda pela sua defesa (juiz aqui é a imprensa, que relata o caso, aguarda a resposta
do réu, mas não determina a sentença...pelo menos não deve); citado, o réu
apresenta sua defesa, sua versão dos acontecimentos, seu posicionamento perante
o que está sendo alegado (réu aqui é o outro lado do fato noticiado). O
diferencial, aqui, é que quem faz o julgamento é o público-alvo da mensagem, e
não propriamente a imprensa no papel de juiz. Relatar algo e ir em busca do
posicionamento da outra parte é o que há de mais elementar no jornalismo. Isso já
é praxe no mundo jurídico, mas no
jornalismo, talvez por ganhar visibilidade negativa em alguns casos, pode virar
sinônimo de perseguição, sensacionalismo, realidade distorcida, insatisfação de veículos de
comunicação, ou até mesmo pura acusação de fake news.
Essa mentalidade precisa
ser transformada, e a Comunicação melhor tratada. Há que se ter maior
responsabilidade com o que é dito, sob pena de incorrer em muitos escorregões,
a exemplo do que aconteceu recentemente com o governo federal.
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