A decisão por fazer a micareta de Ipirá, num momento em que o município atravessa uma estiagem angustiante, encontra respaldo no retorno positivo para o comércio local.
No campeonato brasileiro do ano
passado, virou brincadeira entre os torcedores do flamengo, a conversa do
“cheirinho de hepta”, com a empolgante campanha que o clube fez na reta final
do Brasileirão, sempre na cola do palmeiras, até às últimas rodadas, demonstrando
em vários momentos ser possível a conquista do campeonato naquele ano. Contudo,
o alviverde acabou sagrando-se campeão e o “cheirinho” virou piada desconfortável
contra o flamengo.
A ideia com esse início de texto é mentalizar
um pouco o que estaria envolvido nos efeitos desse tal “cheirinho de festa”. Palavras
como ansiedade, espera, cobrança, expectativa, orgulho, organização, resultados
e outras mais, não fogem ao que se propõe aqui.
Esse não é um texto para análise
clubística, tampouco esportiva, apenas inspira a lição de que com o tempo as
coisas mudam, desde que as iniciativas corretas sejam tomadas por gente
comprometida. As respectivas administrações transformaram o patamar em que
esses dois clubes se encontram atualmente. Algo que seria inimaginável há poucos
anos. Mas ainda não é o máximo! Ainda há um longo caminho para a estabilização,
e ao que mais importa: títulos e conquistas. Se eles não vêm, a torcida não tem
o que comemorar. Num comparativo com a Ipirá ideal, imaginem o que sua grande
torcida poderia comemorar como conquistas!
Saindo dessa digressão e voltando para
a realidade local, ao pensar sobre a campanha eleitoral de 5 anos atrás, aqui
no município de Ipirá, não seria exagero falar que o “cheirinho” da micareta desse
ano já tinha seus aromas desde 2012; ele não é de agora. Já vem desde a
campanha passada. Disso sabe quem acompanhou o enredo daquele ano.
Quando subia o som eletrizante do Bell
Marques, ainda no Chiclete, nos intervalos entre um orador e outro nos
comícios, a massa explodia, e já “se achava” na grande folia. “Quem quer o
Chiclete na micareta aí?”, perguntava o locutor para delírio do povão. Na
campanha do ano passado, a história se repetiu.
Pois então, agora não escapa. A menina
dos olhos virá em grande estilo. Não será com o Chiclete, mas sua voz, Bell
Marques, estará aqui em Ipirá, para fazer a festa juntamente com Psirico e
Jammil, dentre outras bandas, na micareta dos dias 20, 21 e 22 de abril.
O grito preso vai ganhar eco esse ano,
e ainda que, numa análise serena, não seja a grande prioridade do momento
(assunto corrente nas redes sociais ultimamente), o prefeito Marcelo Brandão
justifica: “Nós sabemos que existe um estado de seca no município, e é preciso
ter coragem para discutir isso claramente com a população. Mas nós temos outros
problemas crônicos na nossa sociedade. Por exemplo, o nosso comércio está
debilitado, como está o comércio de todo o Brasil. Conversei com muitos
comerciantes, ambulantes e barraqueiros que têm costume de ir pra festa ganhar
dinheiro, faturar mais um pouco, e eles me disseram, ‘é preciso fazer um
movimento, é preciso que entre em Ipirá um dinheiro novo’”, assim argumentou o
prefeito Marcelo Brandão, no programa de rádio da prefeitura, nessa sexta, 10.
O prefeito ponderou sobre a repartição
dos recursos. “É preciso que se entenda que existe um recurso que pode ser
destinado a um setor, e outro que pode ser destinado para setor diferente. Não
é justo que se atenda somente a um setor e deixe outro, que é o comércio, viés
importantíssimo da economia de Ipirá, desamparado. Comerciantes, ambulantes,
donos de bares, restaurantes, lojas de confecções, calçados, salão de beleza,
tudo que envolve esse movimento grande de festa”.
O gestor municipal fez sua conta e
estimou que num evento como esse, provavelmente mais de 10 milhões de reais vão
entrar no município, porque a expectativa de público, que venha de fora, é na
ordem de 10 mil pessoas. “Tenho certeza absoluta que a ebulição durante esses
dias, já que se trata de um feriadão, principalmente aqui em Ipirá,
proporcionará um incremento no comércio”, assegurou o prefeito.
Um plus
na grana que vai circular aqui dentro da cidade também acorrerá aos
barraqueiros e ambulantes da cidade. O prefeito pediu que ficassem tranquilos,
pois já fora determinado que aqueles que não sejam do município de Ipirá, não
vão ter acesso à festa. Começará nesse mês de março um cadastramento e os
interessados deverão levar os documentos pessoais e comprovante de endereço,
justamente para resguardá-los. O prefeito já conversou com a polícia militar,
que vai dar o apoio no circuito da festa.
Haverá um homenageado
na folia desse ano. “Faremos uma homenagem ao saudoso Henrique Teles Maciel, o
novo circuito levará seu nome. Porque, sem dúvida alguma, era o maior
carnavalesco de Ipirá. Fazia tudo com muito gosto, alegria e vontade de ver a
festa”, disse o prefeito. Henrique Maciel foi um grande artista plástico,
responsável pela decoração de ruas e praças da cidade, em datas festivas, nas
décadas de 70, 80 e 90, do século passado; ele faleceu em 12 de junho de 2014.
Por Diogo Souza
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