sexta-feira, 20 de abril de 2018

Orgulho contestável! Ipirá completa 163 anos subsistindo às promessas de desenvolvimento

A sina de uma cidade inserida numa encruzilhada administrativa que lhe impõe mais estagnação que avanço

Imagem: Reprodução do slogan de governo

Em primeiro lugar, os parabéns a Ipirá. Ela não tem culpa pelo que passa, apenas resiste penosamente. Em 163 anos de emancipação política, são muitas as histórias que podem ser contadas e relembradas, mas nenhuma supera a que envolve o discurso atual de ‘resgate’ daquele sentimento que todo cidadão pode, ou deveria ter, de sua terra: orgulho.

Se a ideia é de retomar aquela boa época, em que o orgulho de ser da terra pulsava nos cidadãos ipiraenses, mais desafiador ainda se torna resgatar esse tempo bom, que pode ser pensado de formas diferentes, de pessoa para pessoa, e transformar num sentimento de orgulho em viver aqui. Isso é, fazer com que o ipiraense não apenas orgulhe-se de ser da terra, mas que encontre razões e motivos suficientes para viver nela.

Muitos dos filhos de Ipirá, mundo afora, queira ou não, carrega consigo essa marca, orgulha-se ou não de ter nascido aqui, isso é natural. Mas ‘osso’ mesmo é tentar impregnar a ideia do orgulho de viver aqui. Essa é uma proposta de governo audaciosa, que está muito além daquelas coisas ‘batidas’ que estampavam slogans anteriores.

Talvez o orgulho de viver em Ipirá seja a chave para o alcance da felicidade. Um orgulho que ainda é enaltecido pela classificação de 22ª gestão dentre as 100 melhores do Brasil, mas que curiosamente nunca mencionada numa conversa de Papo Reto.

Sendo assim, leitor(a), você consegue imaginar o tamanho da responsabilidade que tem a gestão municipal nesse propósito de moldar o sentimento das pessoas que aqui vivem? Consegue imaginar o que dirá amanhã ou depois, daqui a meses ou anos, o gestor municipal sobre seu empenho e competência para fazer valer o lema de governo que escolheu?

A tarefa não é fácil. O desenvolvimento e o crescimento que se arrastam ao longo desses 163 anos talvez não sejam compatíveis com a carga abrupta de querer mostrar grandeza em tudo que se pretende fazer. Isso serve para um símbolo da cidade, como o Mercado de Artes, que não merece um paliativo para atender dezenas de famílias, pois o que está reservado para ele é a ideia de melhor praça de eventos da região. Não é requalificar a Casa dos Estudantes, antes de perder as outras paredes, mas levar em banho-maria o que havia prometido já estar pronto agora. Não é a finalização das obras do Centro de Abastecimento, onde todos do município se encontram às quartas e se cumprimentam em meio à lama nesse período chuvoso.

Desenvolvimento e progresso nesse momento é quebrar a praça São José (‘Puxa’), que poderia aguardar para ser requalificada, mas que foi iniciada a obra e chegou a ter sua entrega ventilada para hoje, no aniversário da cidade. Não se confirmou. Orgulho de viver aqui mesmo, é diminuir a importância de uma “festinha simples”, conforme afirmou no programa Papo Reto de hoje, para marcar a passagem do aniversário da cidade. 

O que dá orgulho não é aquela conversa modesta e sincera sobre os problemas, mas sim aquela constante provocação de sonhos, mexer com o imaginário das pessoas, transportá-las dessa terra hoje pacata, para uma cidade com ares futurísticos.

Orgulho, portanto, não é simplesmente a realidade concreta, é o que a imaginação permite. É o que traz a mensagem de governo postada hoje, parabenizando a cidade por ser “uma terra acolhedora e que está sempre se renovando”. Esse é o discurso pelo orgulho, é o que sua mente permite fantasiar sobre a ‘renovação’ porque passa Ipirá.


Por Diogo Souza

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