EDITORIAL
“Nova
política” em Ipirá: o desafio que se impõe como aposta
Instagram: @midiaipira
Imagine você, leitor (a), que
Ipirá é seu time do coração. Quem tem um time do coração, não vira folha, como
se diz popularmente, e passa a torcer por outro time (pelo menos é muito raro acontecer).
Independente da bandeira de grupo político hasteada por você, não é de bom tom
que passe a torcer por, ou acompanhar o que acontece lá em Baixa Grande ou
Pintadas, para citar essas duas cidades próximas, em detrimento de sua cidade
natal. É compreensível, e até muito natural, que se tenha simpatia e acredite
que cidades de maior porte ofereçam um outro padrão de vida, onde é melhor para
se viver. Enfim, ainda que Ipirá não seja o paraíso aqui na terra, o bom senso
recomenda que você, natural daqui, queira ver o desenvolvimento local, nos mais
variados aspectos e regiões, sem torcer contra.
Seguindo nessa linha de
torcida, confesso ser flamenguista e ter a maior expectativa com meu time a
cada ano. Ultimamente tem sido assim, a reformulação pela qual passou o
Flamengo do ano de 2013 para cá, vem colocando o clube numa condição de
protagonista que faz o seu torcedor sonhar com títulos em todas as competições
que disputa. Isso deve-se ao modelo de gestão iniciado lá atrás, acerca de 12
anos, que segue produzindo frutos, com responsabilidade financeira, fiscal,
jurídica, institucional, etc.
Entretanto, todo esse
entusiasmo que o Flamengo vem causando em seu torcedor, ainda carece, segundo a
nova diretoria eleita no último mês de dezembro, de profissionalismo no
futebol. O presidente eleito para comandar o clube nos próximos 3 anos, Luiz
Eduardo Baptista, o Bap, tá batendo na tecla de profissionalizar o departamento
de futebol do clube. Repare que para o torcedor isso soa até estranho, uma vez que,
mantendo-se na prateleira alta dos principais clubes do país, e ainda
disputando os campeonatos como favorito, a ideia que se depreende é que não há porque
se falar em amadorismo na condução do futebol do clube até então. Mas essa é
uma visão da nova diretoria, e tudo aquilo que o maior patrimônio do clube –
que é sua torcida, com 46,9 milhões de torcedores – deseja, é que o clube
continue nessa atmosfera alvissareira no futebol brasileiro, com o devido
profissionalismo que se aplique.
Pois bem, da
profissionalização no futebol do Flamengo se espera uma condução mais assertiva
daquilo que, para os olhos e para a emoção do torcedor, será um requinte a mais
na qualidade do que o time pode apresentar em campo. E quanto à propalada “nova
política” em Ipirá, o que será que pode configurá-la a contento para os seus
torcedores? Quais serão as iniciativas que indicarão uma tentativa de superar tudo
aquilo até aqui vivenciado? O destaque para o caráter técnico dos cargos de
secretários, enfatizado pelo prefeito em entrevista, talvez aponte nesse
sentido da profissionalização nos setores competentes. A era para que as respostas
apareçam já teve início. Aguardemos.
Esse paralelo entre Ipirá e o
Flamengo, foi tão somente por conta de situações envolvendo mudança recente de
gestor: o clube, com essa proposta de profissionalizar um departamento (no caso
o futebol do Flamengo), mesmo com os últimos anos tão vitoriosos: são 13
títulos em 6 anos da última diretoria; no caso de Ipirá, o “time” de todos os
interessados nesse texto, já que nem todos são simpatizantes do Flamengo
(rsrs), convém anotar as mudanças que o novo prefeito pode e deve realizar,
mesmo após o fim de uma gestão à qual estava alinhado, participando ativa e
diretamente de grandes decisões. Em outras palavras, cada gestor/diretoria
deverá ter seu padrão de tocar a administração, conferindo selo próprio.
Observe que há não muito tempo
atrás, despontou um prefeito projetado através de um processo de escuta
massificada da população, por meio do rádio, que entoava uma receita quase que
infalível, como feedback à população: o modelo administrativo praticado na
cidade era defasado, pífio e, para citar um nome que repetia religiosamente, a
administração pública de Ipirá era “malamanhada”; e ele próprio (o locutor)
construía a imagem da salvação. Seu lema de campanha dizia que seria “a vez e a
voz do povo", mas não foi bem assim que a gestão aconteceu. E após os 4
anos de mandato, deu no que deu.
O resultado das urnas, quando
colocado à prova novamente, ainda conduzindo a máquina pública na tentativa de
reeleição, não foi tão surpreendente quanto desastroso em termos de números,
considerando a média histórica da cidade: registrou uma diferença de 6.094
votos em sua derrota eleitoral. Diga-se de passagem, a diferença de 10.973 da
última eleição municipal, deve ter servido como um conforto amargo, porque
alguém com maior rejeição, em números, apareceu para superá-lo. Porém, colocou
ainda mais em xeque a sobrevivência do grupo a que pertence.
O agora prefeito eleito de Ipirá,
Thiago do Vale (PSD), é cercado por uma expectativa alta com sua gestão. Mas,
com as devidas proporções em termos de comparação. Ele não desponta para
solucionar gestão “malamanhada”, pelo contrário, vai dar sequência a um governo
onde esteve presente como figura de destaque e sobre o qual tece muitos
elogios. Não era de se esperar algo diferente. Sua imagem foi construída, desde
quando se ventilava seu nome para disputar o cargo de prefeito, com o marketing
“de novo com o novo", e agora invoca o ideário de uma “nova política” em
Ipirá.
Durante entrevista de
apresentação do secretariado, no último dia 30, o prefeito eleito tratou da
importância de estar junto à sociedade, destacou esse papel que Dudy
desempenhou, e disse que vai retomar a escuta do povo, acompanhado pelo
secretariado; frisou também esse novo momento que a política atravessa.
“Conversamos sobre o quanto a política mudou, e a gente tá aqui representando
isso hoje, a nova política. E a nova política traz consigo a manifestação
popular, a vontade do povo. Não dá mais para se governar de dentro do gabinete,
ouvindo pouco as pessoas. A gente precisa ir direto às localidades, encontrando
as pessoas, para fazer um governo de eficiência”, pontuou.
Repare que os discursos são
parecidos, esse tipo de coisa ainda sobrevive como mandamento no marketing
político, mas a prática... O que disse que daria vez e voz ao povo, já foi; o
que tomou posse essa semana, ainda está em seu início de mandato, e não cabe
considerações a respeito ainda.
É válido lembrar uma frase bem
recorrente nos discursos do ex-prefeito Dudy: “as redes sociais deram ao povo a
oportunidade para poder se manifestar mais a respeito da política”. De fato. Mas
se algum acontecimento espinhoso viralizar, a partir de agora, com o novo
padrão administrativo, os responsáveis não devem hesitar em se posicionar a
respeito, nem tentar sufocar o assunto e empurrar para debaixo do tapete, fazendo
a Comunicação institucional focar em alguma outra matéria de governo. Quer um
exemplo? Caso Yasmin, criança de 5 anos que morreu num acidente envolvendo
transporte escolar do município, em fevereiro do ano passado. Vários veículos
de comunicação, a nível estadual, publicaram o fato, mas a prefeitura foi
vacilante em atender a imprensa com prontidão para seus esclarecimentos.
Fazer uma “nova política”,
seguramente passa, também, por acompanhar mais as deliberações junto aos
Conselhos Municipais e Associações, pois são órgãos aos quais o povo recorre, e
onde é possível dar vazão aos anseios e desejos da população com maior
representatividade, configurando uma real sintonia entre gestão e sociedade.
Enfim, retomando aquela alusão
do início do texto à nova administração do Flamengo, que enxergou a necessidade
de profissionalizar o departamento de futebol do clube, mesmo depois dos feitos
da última gestão, assim também pode e deve o agora prefeito de Ipirá, Thiago do
Vale, identificar o que deve profissionalizar, melhorar e incrementar no seu
novo quadro administrativo, para fazer Ipirá conquistar mais, depois de uma
gestão que ele próprio contribuiu para hoje enaltecer. Achou a casa arrumada,
como se diz por aí, pronta para receber os novos apetrechos que achar
conveniente.