domingo, 5 de janeiro de 2025

 EDITORIAL


“Nova política” em Ipirá: o desafio que se impõe como aposta



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Imagine você, leitor (a), que Ipirá é seu time do coração. Quem tem um time do coração, não vira folha, como se diz popularmente, e passa a torcer por outro time (pelo menos é muito raro acontecer). Independente da bandeira de grupo político hasteada por você, não é de bom tom que passe a torcer por, ou acompanhar o que acontece lá em Baixa Grande ou Pintadas, para citar essas duas cidades próximas, em detrimento de sua cidade natal. É compreensível, e até muito natural, que se tenha simpatia e acredite que cidades de maior porte ofereçam um outro padrão de vida, onde é melhor para se viver. Enfim, ainda que Ipirá não seja o paraíso aqui na terra, o bom senso recomenda que você, natural daqui, queira ver o desenvolvimento local, nos mais variados aspectos e regiões, sem torcer contra.

Seguindo nessa linha de torcida, confesso ser flamenguista e ter a maior expectativa com meu time a cada ano. Ultimamente tem sido assim, a reformulação pela qual passou o Flamengo do ano de 2013 para cá, vem colocando o clube numa condição de protagonista que faz o seu torcedor sonhar com títulos em todas as competições que disputa. Isso deve-se ao modelo de gestão iniciado lá atrás, acerca de 12 anos, que segue produzindo frutos, com responsabilidade financeira, fiscal, jurídica, institucional, etc.

Entretanto, todo esse entusiasmo que o Flamengo vem causando em seu torcedor, ainda carece, segundo a nova diretoria eleita no último mês de dezembro, de profissionalismo no futebol. O presidente eleito para comandar o clube nos próximos 3 anos, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, tá batendo na tecla de profissionalizar o departamento de futebol do clube. Repare que para o torcedor isso soa até estranho, uma vez que, mantendo-se na prateleira alta dos principais clubes do país, e ainda disputando os campeonatos como favorito, a ideia que se depreende é que não há porque se falar em amadorismo na condução do futebol do clube até então. Mas essa é uma visão da nova diretoria, e tudo aquilo que o maior patrimônio do clube – que é sua torcida, com 46,9 milhões de torcedores – deseja, é que o clube continue nessa atmosfera alvissareira no futebol brasileiro, com o devido profissionalismo que se aplique.

Pois bem, da profissionalização no futebol do Flamengo se espera uma condução mais assertiva daquilo que, para os olhos e para a emoção do torcedor, será um requinte a mais na qualidade do que o time pode apresentar em campo. E quanto à propalada “nova política” em Ipirá, o que será que pode configurá-la a contento para os seus torcedores? Quais serão as iniciativas que indicarão uma tentativa de superar tudo aquilo até aqui vivenciado? O destaque para o caráter técnico dos cargos de secretários, enfatizado pelo prefeito em entrevista, talvez aponte nesse sentido da profissionalização nos setores competentes. A era para que as respostas apareçam já teve início. Aguardemos.

Esse paralelo entre Ipirá e o Flamengo, foi tão somente por conta de situações envolvendo mudança recente de gestor: o clube, com essa proposta de profissionalizar um departamento (no caso o futebol do Flamengo), mesmo com os últimos anos tão vitoriosos: são 13 títulos em 6 anos da última diretoria; no caso de Ipirá, o “time” de todos os interessados nesse texto, já que nem todos são simpatizantes do Flamengo (rsrs), convém anotar as mudanças que o novo prefeito pode e deve realizar, mesmo após o fim de uma gestão à qual estava alinhado, participando ativa e diretamente de grandes decisões. Em outras palavras, cada gestor/diretoria deverá ter seu padrão de tocar a administração, conferindo selo próprio.

Observe que há não muito tempo atrás, despontou um prefeito projetado através de um processo de escuta massificada da população, por meio do rádio, que entoava uma receita quase que infalível, como feedback à população: o modelo administrativo praticado na cidade era defasado, pífio e, para citar um nome que repetia religiosamente, a administração pública de Ipirá era “malamanhada”; e ele próprio (o locutor) construía a imagem da salvação. Seu lema de campanha dizia que seria “a vez e a voz do povo", mas não foi bem assim que a gestão aconteceu. E após os 4 anos de mandato, deu no que deu.

O resultado das urnas, quando colocado à prova novamente, ainda conduzindo a máquina pública na tentativa de reeleição, não foi tão surpreendente quanto desastroso em termos de números, considerando a média histórica da cidade: registrou uma diferença de 6.094 votos em sua derrota eleitoral. Diga-se de passagem, a diferença de 10.973 da última eleição municipal, deve ter servido como um conforto amargo, porque alguém com maior rejeição, em números, apareceu para superá-lo. Porém, colocou ainda mais em xeque a sobrevivência do grupo a que pertence.

O agora prefeito eleito de Ipirá, Thiago do Vale (PSD), é cercado por uma expectativa alta com sua gestão. Mas, com as devidas proporções em termos de comparação. Ele não desponta para solucionar gestão “malamanhada”, pelo contrário, vai dar sequência a um governo onde esteve presente como figura de destaque e sobre o qual tece muitos elogios. Não era de se esperar algo diferente. Sua imagem foi construída, desde quando se ventilava seu nome para disputar o cargo de prefeito, com o marketing “de novo com o novo", e agora invoca o ideário de uma “nova política” em Ipirá.

Durante entrevista de apresentação do secretariado, no último dia 30, o prefeito eleito tratou da importância de estar junto à sociedade, destacou esse papel que Dudy desempenhou, e disse que vai retomar a escuta do povo, acompanhado pelo secretariado; frisou também esse novo momento que a política atravessa. “Conversamos sobre o quanto a política mudou, e a gente tá aqui representando isso hoje, a nova política. E a nova política traz consigo a manifestação popular, a vontade do povo. Não dá mais para se governar de dentro do gabinete, ouvindo pouco as pessoas. A gente precisa ir direto às localidades, encontrando as pessoas, para fazer um governo de eficiência”, pontuou.

Repare que os discursos são parecidos, esse tipo de coisa ainda sobrevive como mandamento no marketing político, mas a prática... O que disse que daria vez e voz ao povo, já foi; o que tomou posse essa semana, ainda está em seu início de mandato, e não cabe considerações a respeito ainda.

É válido lembrar uma frase bem recorrente nos discursos do ex-prefeito Dudy: “as redes sociais deram ao povo a oportunidade para poder se manifestar mais a respeito da política”. De fato. Mas se algum acontecimento espinhoso viralizar, a partir de agora, com o novo padrão administrativo, os responsáveis não devem hesitar em se posicionar a respeito, nem tentar sufocar o assunto e empurrar para debaixo do tapete, fazendo a Comunicação institucional focar em alguma outra matéria de governo. Quer um exemplo? Caso Yasmin, criança de 5 anos que morreu num acidente envolvendo transporte escolar do município, em fevereiro do ano passado. Vários veículos de comunicação, a nível estadual, publicaram o fato, mas a prefeitura foi vacilante em atender a imprensa com prontidão para seus esclarecimentos.

Fazer uma “nova política”, seguramente passa, também, por acompanhar mais as deliberações junto aos Conselhos Municipais e Associações, pois são órgãos aos quais o povo recorre, e onde é possível dar vazão aos anseios e desejos da população com maior representatividade, configurando uma real sintonia entre gestão e sociedade.

Enfim, retomando aquela alusão do início do texto à nova administração do Flamengo, que enxergou a necessidade de profissionalizar o departamento de futebol do clube, mesmo depois dos feitos da última gestão, assim também pode e deve o agora prefeito de Ipirá, Thiago do Vale, identificar o que deve profissionalizar, melhorar e incrementar no seu novo quadro administrativo, para fazer Ipirá conquistar mais, depois de uma gestão que ele próprio contribuiu para hoje enaltecer. Achou a casa arrumada, como se diz por aí, pronta para receber os novos apetrechos que achar conveniente.


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