segunda-feira, 19 de março de 2018

Podem falar, mas não vão me emparedar!

Prefeito MB tem insistido que cobranças não vão emparedá-lo. Imagem: Reprodução


O prefeito Marcelo Brandão transmite uma mensagem à oposição, e por tabela à parte expressiva da população de Ipirá, que protesta contra as medidas de sua administração. A mensagem é subliminar, está como pano de fundo em seus pronunciamentos. Ela é bem conhecida na história de luta pela liberdade de expressão e repúdio à censura, no contexto histórico Iluminista. A mensagem é atribuída ao escritor e filósofo francês Voltaire (1694-1778), e diz o seguinte: Posso não concordar com uma só palavra sua, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-la.

Isso se justifica pela insistência na tecla de que não será emparedado com as reiteradas cobranças feitas pela requalificação prometida para a cidade. “É muito comum que a oposição diga: ‘cadê isso, cadê aquilo, não fez ainda…’ É muito comum, isso é típico do Estado Democrático de Direito as pessoas falarem, se expressarem e pleitearem”, meditou o prefeito no último programa da prefeitura (Papo Reto) que participou, no dia 09/03. De acordo com o gestor, a pressão da oposição não vale, mas sim o cronograma próprio para realização das obras.

Não fosse a imprecisão desse cronograma, dito de qualquer forma e cheio de devaneios pela força de expressão característica do marketing administrativo do atual governo, seria possível a crença em alguns dos anúncios feitos até agora das benfeitorias pretendidas. Mas o clamor das ruas fala mais alto, e em outro tom. Bem diferente do que já foi propagado pela Rede Bahia, em outubro do ano passado, com a propaganda “Tá bonito de ver”.

A firmeza com que o prefeito fala sobre sua imunidade contra o emparedamento que tentam infligir-lhe, negligencia ou simplesmente fecha os olhos para o questionamento de um número muito maior de pessoas, do que supõe-se ser apenas oposição, a enxergar e criticar a mesmice ou piora com relação às últimas administrações alvejadas pelo atual gestor, nos tempos de rádio, contra as quais gritou anos a fio.

A tranquilidade com que fala sobre “o tempo de Deus” para a consecução de seus objetivos almejados para a cidade, já começa a conflitar com seus ideais de campanha. Com um ano e dois meses de gestão, quando a esperança ainda se mantém viva de que possa haver uma alavancada, o prefeito já admite fazer 90 a 95% do plano de governo, relativizando os 100%.

A segurança com que ainda mantém seu discurso preferido de que encontrou um município destroçado e ainda tenta colocá-lo nos eixos, parece já escapar dos limites da tolerância para os ajustes administrativos mais elementares.

O tempo a partir de agora já começa a desconfiar da alegação de que o retrovisor está incomodando pela luz alta, na direção própria de uma máquina sob seu controle. A máquina pública que é a prefeitura de Ipirá, sem o comando da oposição há quase dois anos.

Esses são alguns quesitos sobre os quais o prefeito Marcelo Brandão precisa lançar um olhar mais acurado, para melhor flexibilizar as supostas tentativas de emparedá-lo que seguramente estão muito além do que se entende só por oposição na cidade.


Por Diogo Souza

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