Governo anuncia privatização da Casa da
Moeda; leilão de aeroportos será no 2º semestre de 2018
Órgão, que fabrica notas de real e passaportes, deve ir a
leilão no final do ano que vem. Anúncio ocorre em meio a rombo das contas
públicas e necessidade do governo de elevar arrecadação.
Por Alexandro Martello e Guilherme Mazui, G1, Brasília
O governo federal anunciou nesta
quarta-feira (23) que pretende privatizar a Casa da Moeda, órgão que
confecciona as notas de real, além de passaportes brasileiros, selos postais e
diplomas.
A
expectativa é de que o edital seja publicado no terceiro trimestre do ano que
vem e que o leilão ocorra no final de 2018. A Casa da Moeda está hoje vinculada
ao Ministério da Fazenda.
O plano
faz parte do Programa de Parcerias de Investimento (PPI), que discute, dentro
do governo Michel Temer, as concessões e privatizações.
O PPI
divulgou nesta quarta um calendário prevendo uma série de ações voltadas para
leilão de novos bens públicos, como aeroportos, rodovias e terminais
portuários. O objetivo é de elevar as receitas do governo em um momento de
arrecadação fraca, e tentar
cumprir a meta fiscal.
Segundo o
ministro da secretaria-geral da Presidência, Moreira Franco, 57 novos ativos
foram disponibilizados para concessão ou desestatização nesta segunda fase do
programa. A
primeira foi anunciada em setembro do ano passado e incluía 34 projetos.
Moreira
Franco disse que o objetivo é "enfrentar a questão do emprego e da
renda." O governo não estimou quanto pretende arrecadar com os novos
leilões, mas informou que eles representarão R$ 44 bilhões em investimentos ao
longo da vigência dos contratos.
Nesta
semana, o Ministério de Minas e Energia já havia anunciado a proposta de privatizar
a Eletrobras, através da venda de parte das ações da estatal que
pertencem hoje à União. A
proposta foi aprovada nesta quarta pelo conselho do PPI (veja mais abaixo neste
reportagem).
Veja abaixo as propostas do
governo para concessões e privatizações:
Rodovias
O governo anunciou que quer leiloar um trecho de 806 quilômetros da
BR-364, entre Porto Velho, em Rondônia, e Comodoro, no Mato Grosso, e relicitar
o trecho de 634 km da BR-153, entre Anápolis, em Goiás, e Aliança do Tocantins.
A BR-153 foi leiloada durante o governo Dilma Rousseff, em 2014, porém a
concessionária Galvão não cumpriu os investimentos previstos e teve o contrato
encerrado.
A
previsão oficial é realizar os leilões dos dois trechos no último trimestre de
2018.
Terminais portuários
O Ministério dos Transportes propôs ainda a concessão de 15 terminais
portuários, que são áreas dedicadas a movimentação de carga nos portos.
Os
terminais que irão a leilão ficam nos portos de Belém (GLP e granéis líquidos),
Vila do Conde (granéis líquidos), Paranaguá (grãos) e Vitória (granéis
líquidos).
A
proposta do governo também inclui a prorrogação antecipada do terminal de
fertilizantes do porto de Itaqui e a autorização para ampliação de capacidade
do Terminal Agrovia do Nordeste, no porto de Suape. Os leilões estão previstos
para 2018.
Aeroportos e controle aéreo
O PPI confirmou a previsão, já anunciada pelo governo, de que novos
aeroportos sejam leiloados no segundo semestre do ano que vem. De acordo com
documento divulgado pelo PPI, o Ministério dos Transportes propôs a concessão
de 12 aeroportos, em dois blocos regionais:
·
Bloco Nordeste: Maceió,
Aracaju, João Pessoa, Campina Grande, Juazeiro do Norte e Recife.
·
Bloco Centro-Oeste:
Cuiabá, Sinop, Alta Floresta, Barra do Garças e Rondonópolis.
Além disso, segundo o ministro dos Transportes, Maurício Quintella, o
governo ainda vai estudar o leilão dos aeroportos de Congonhas (SP), Vitória
(ES) e Macaé (RJ). Na semana passada, o
Ministério do Planejamento deu como certo o leilão de Congonhas.
O
documento confirma ainda a intenção do governo de vender a participação
acionária da Infraero nos aeroportos de Guarulhos, Confins, Brasília e Galeão,
que foram leiloados durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff.
Além
disso, o Ministério da Defesa incluiu na relação de projetos do PPI a proposta
de uma Parceria-Público Privada (PPP), na modalidade concessão administrativa,
voltada ao serviço de transporte de sinais de telecomunicações para o
Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) e organizações militares no
país.
O projeto trata do controle do
espaço aéreo, com previsão de investimento de R$ 1,1 bilhão ao longo de 25 anos
de concessão.
Energia
elétrica
Consta ainda da lista o leilão de 11 lotes de linhas de transmissão de
energia, além de subestações. São novas estruturas, que serão construídas pelas
empresas vencedoras dos leilões e que vão ampliar a rede de transmissão de
energia do país.
Os lotes
estão distribuídos em dez estados: Bahia, Ceará, Pará, Paraná, Paraíba,
Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Minas Gerais e Tocantins.
Eletrobras
Sobre a Eletrobras, o governo informou que a redução da participação do
governo na empresa será feita por meio de emissão de papéis pela estatal, sem
subscrição da União, que, com isso, perderá o controle acionário.
"No
entanto, a União manterá o poder de veto para garantir a preservação de
decisões estratégicas para o país. Esse modelo já tem sido usado com sucesso em
países como Portugal, França e Itália", informou.
De acordo
com o governo, a venda injetará "expressivos recursos" no Tesouro
Nacional, mas também proporcionará a "modernização de processos, o aumento
da eficiência e melhoria da governança, sem que as tarifas sejam
afetadas."
Na
reunião desta quarta, o conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) aprovou
a proposta do Ministério de Minas e Energia de privatizar a Eletrobras.
Meta
fiscal e crise econômica
O governo conta com a verba extra que virá das concessões e
privatizações para elevar suas receitas e conseguir fechar as contas em 2018.
Recentemente,
propôs ao Congresso elevar
o teto para o rombo das contas públicas em 2017 e 2018 para R$ 159 bilhões devido
à arrecadação abaixo da esperada, reflexo da recuperação da economia mais lenta
que a prevista.
A meta
atual já é de déficit (despesas maiores que receitas), ou seja, de resultado
negativo, de R$ 139 bilhões em 2017 e de R$ 129 bilhões em 2018.
O fortalecimento do PPI também acontece em um momento de forte queda nos
investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) - que pode ter, em
2017, o menor
orçamento em vários anos - e de cortes no orçamento, feitos
pelo governo, e que vem prejudicando a continução de alguns serviços públicos.
Segundo
analistas, com a queda dos juros neste ano e o reforço do PPI, a expectativa é
de que as parcerias com o setor privado avancem nos próximos anos e ocupem um
espaço maior no setor de infraestrutura.
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