Ipirá
Negligência em responder aos problemas
Dois casos de
atendimento na saúde movimentaram as redes sociais nesta semana. A situação e o
desdobramento de cada um são diferentes, mas há uma pergunta em comum para
ambos: houve ou não negligência na morte da parturiente Jacira Costa dos Anjos
Néri, da região do São Roque, na última segunda, 29, no hospital municipal?
Houve ou não negligência no atendimento à senhora Maria de Jesus, da região de
Pai Miguel, que apresentou um problema de visão e teve complicações ao deixar
a UPA?
São casos em que de
forma necessária e responsável cabe uma investigação das circunstâncias para se
falar com mais propriedade sobre o que realmente aconteceu. Explicações tanto
das equipes de atendimento médico, quanto das autoridades responsáveis pela
Saúde do município, são importantes.
Mas, desde já, está
claro o desencontro de informações a respeito do assunto. O ex-líder do governo
na Câmara, o vereador Laelson Neves (PMDB), fez críticas durante a semana,
relacionadas aos dois casos. Nessa sexta, 02, esteve no programa de rádio
Conexão Chapada e abordou o assunto.
Durante a entrevista,
houve a participação de uma ouvinte, que se identificou por Carol, e trouxe
informações que “talvez o vereador não soubesse”, conforme disse. A ouvinte,
que afirmou conhecer a família da parturiente, disse que a equipe médica estava
a postos, que “a gravidez era de risco, e teve complicações. Não houve
negligência nenhuma no atendimento”, afirmou.
Em matéria noticiada no
site Bahia Notícias, entretanto, o marido da gestante, Joecélio da Cruz Néri, conta
que “o procedimento foi feito sem cuidados básicos, como a existência de
esterilização”, e dele próprio solicitaram que fosse até o Bravo, distrito de
Serra Preta, a 37 Km de Ipirá, em busca desses materiais.
O Bahia Notícias ouviu
também a coordenadora de enfermagem, Silvana Marques, que afirmou que a
paciente faleceu em decorrência de “complicações no momento da cirurgia”, por
ser hipertensa, e que “não faltou nada da parte do hospital”.
O outro caso abordado
na participação da ouvinte, foi o que envolveu a paciente Maria de Jesus, 46
anos, que deu entrada na UPA, segundo o vereador, com o “olho vazando”. A ouvinte
disse que o clínico geral atendeu a senhora e a encaminhou para um especialista
(oftalmologista). Dessa forma, a UPA teria prestado a assistência inicial. A ouvinte
que ligou certamente é alguém que trabalha em uma dessas unidades de saúde, mas
não se identificou como tal.
De pronto, ao
reconhecer a voz, o vereador disse não se tratar de nenhuma Carol, e questionou
o que foi dito por ela. “Como que foi encaminhada para uma oftalmologista, se
não tem uma requisição médica? O médico não olhou pra paciente. A paciente é
uma analfabeta, uma coitada, a quem devemos ter sensibilidade para atender bem.
Não tem oftalmologista recomendado, sequer o médico olhou nos olhos dela.
Apenas recomendou um colírio”, ponderou. A paciente Maria de Jesus,
segundo o vereador, perdeu um dos olhos, e ao trazê-la para fazer o curativo,
na própria UPA, depois do ocorrido, ela disse “não”, pois estava traumatizada.
Laelson Neves falou de
uma outra situação em que precisou ir até a UPA, e também enfrentou problemas.
“Fui levar um sobrinho que veio de São Paulo, e que estava com 40º graus de
febre. A médica não olhou a garganta da criança, disse que não tinha o palito
pra olhar. A enfermeira foi quem depois trouxe um saquinho cheio de palitos.
Então há má-fé, há má conduta, há coisas erradas e não adianta esconder fatos
que realmente tá notório para o povo”, reclamou o vereador, que isentou o
prefeito e o secretário de culpa, mas pediu que estes fizessem as cobranças
devidas.
O vereador afirmou que
“não está colocando terrorismo na UPA, mas sim nos médicos de má conduta e
má-fé que vêm pra Ipirá apenas ganhar o plantão, e que não são capacitados pra
conduzir a UPA de Ipirá”. Por fim, reiterou estar na base do governo, mesmo
depois de deixar a liderança na Câmara, esta semana. E falou o que espera do
governo municipal para esse ano. “Quero que faça. Tá na hora de começar a
fazer. Como você (prefeito) falou que iria ‘construir’ Ipirá, eu e a população
esperamos. Tiramos o outro porque não prestava, agora é a sua vez Marcelo
Brandão, o senhor tá com a pasta”, concluiu.
O prefeito está com a
pasta, a vez e a voz (esta que lhe marcou tanto nos últimos anos). Ficou o legado, e o povo também
está falando pelas redes sociais. Mas a população não escuta o prefeito, por meio do
programa da prefeitura Papo Reto, há duas semanas. Na sexta passada, 26, depois
da repercussão em torno da verba que seria destinada ao Mercado de Artes e Casa
dos Estudantes, o programa não foi ao ar, nem gravado, nem ao vivo. Esta
semana, a pauta noticiosa girou em torno dos casos na Saúde, mencionados acima.
O programa Papo Reto voltou ao ar, mas não teve como convidado o secretário de
Saúde, nem a ouvinte Carol, tampouco o prefeito. Quem esteve presente foi o
secretário de Infraestrutura, que nada pôde falar ou esclarecer sobre o que
mais se discutiu nas redes sociais durante a semana.
Por Diogo Souza
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